Nunca vou me esquecer de uma aula na faculdade em que uma professora perguntou:
- Qual é o lugar do intelectual hoje?
Com as mídias sociais, a conexão (em um sentido mais amplo) e, principalmente, com a liberdade midiática, o lugar do intelectual se mistura com o de qualquer pessoa que decida se posicionar publicamente sobre determinado assunto. Podemos acessar blogs ou sites de pessoas públicas ou não públicas, tendo em vista que inúmeros deles fazem miscelâneas de textos de autores famosos.É bastante comum encontrar textos de Clarice, Machado e até de Caio Fernando Abreu que não são de suas autorias. E estes são compartilhados em todas as redes sociais como verdades inquestionáveis, atribuídas aos autores.A neo-valorização do papel do intelectual de Letras me surpreende a cada dia, a cada postagem, a cada texto que circula por aí.O texto literário passou a ser lido como autoajuda e, não que eu esteja desvalorizando esse tipo de leitura, apenas esclareço que existem outras maneiras, além de suportes (o que não vem ao caso), de lermos o texto literário.Deixo claro, qualquer leitura é importante para o desenvolvimento de habilidades e aprofundamento em diversas questões, mas acredito que o texto literário tem perdido suas significações quando não é lido e publicado de forma mais reflexiva e questionadora.É papel de outro intelectual, o professor, quase abandonado e sem tal atribuição, trazer o escritor, não apenas de carne e osso, mas aquele dotado de subjetividade e também sujeito, às salas de aula deste país.
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