domingo, 14 de julho de 2013

Linhas Tortas (Gabriel O Pensador)


Alguns às vezes me tiram o sono, mas não me tiram o sonho
Por isso eu amo e declamo, por isso eu canto e componho
Não sou o dono do mundo, mas sou um filho do dono
Do verdadeiro Patrão, do verdadeiro Patrono

- E aí, Gabriel, desistiu do cachê?
- Cancelei um trabalho aí pra não me aborrecer.
- Explica melhor, o que foi que você fez?
- Tá, tudo bem, eu explico pra vocês:

Tudo começou na aula de português
Eu tinha uns cinco anos, ou talvez uns seis
Comecei a escrever, aprendi a ortografia
Depois as redações, para a nossa alegria
Professora dava tema-livre, eu demorava
Pra escolher um tema, mas depois eu viajava
E nessas viagens os personagens surgiam
Pensavam, sentiam, choravam, sorriam
Aí a minha tia-avó, veja só você
Me deu de aniversário uma máquina de escrever
Eu me senti um baita jornalista, tchê
Que nem a minha mãe, que trabalhava na TV
Depois, já aos quinze, mas com muita timidez
Fiquei muito sem graça com o que a professora fez
Ela pegou meu texto e leu pra turma inteira ouvir
Até fiquei feliz mas com vontade de fugir
Então eu descobri que já nasci com esse problema
Eu gosto de escrever, eu gosto de escrever, crer, ver
Ver, crer, eu gosto de escrever e escrevo até até poema

REFRÃO
Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e verso
Na feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso
Na loja eu vendo disco, já vendi mais de um milhão
Se isso for um crime, quero ir logo pra prisão

- Ih, pensador, isso é grave, hein!

É, vovó dizia que eu já escrevia bem
Tentei me controlar, me ocupar com um esporte
Surf, futebol, mas não era o meu forte
Um dia eu fiz uns raps e achei que tava bom
Me batizei de Pensador e quis fazer um som
Ficar famoso e rico nunca foi minha meta
Minha mãe já era isso, eu só queria ser poeta
Meu pai, um homem sério, um gaúcho de POA
Formado em medicina, não podia acreditar
Ao ver o seu garoto Gabriel
Com um fone nos ouvidos viajando com a caneta no papel
- O que você tá fazendo? Vai dormir, moleque!
- Ah, pai, peraí, eu só tô fazendo um rap!
Ninguém sabia bem o que era, mas eu tava viciado naquilo
E viciei uma galera!

REFRÃO

Não tô vendendo crack, não tô vendendo pó
Não tô vendendo fumo, não tô vendendo cola
Mas muitos me disseram que o que eu faço é viciante
E vicia os estudantes quando eu entro nas escolas
Até os professores às vezes se contaminam
Copiam minhas letras e textos e disseminam
Sementes do que eu faço, já não sei se é bom ou mau
Mas sei que muito aluno começa a fazer igual
Escrevendo poemas, escrevendo redações
Fazendo até uns raps e umas apresentações
Me lembro dos meus filhos e a saudade é cruel
Solidão me acompanha de hotel em hotel
Casamento acabou, eu perdi na estrada
O amor que ainda tenho é o amor da palavra
É falar e cantar, despertar consciências
Dediquei a vida a isso e a maior recompensa
É servir de referência pra quem pensa parecido
Pra quem tenta se expressar e nunca é ouvido
É olhar pra minha frente e enxergar um mar de gente
E mergulhar no fundo dos seus corações e mentes
É esse o meu mergulho, não é o do Tio Patinhas
É esse o meu orgulho, escrever as minhas linhas
Escrevo em linhas tortas, inspirado por alguém
Que me deu uma missão que eu tento cumprir bem
Escuto os corações, como um cardiologista
Traduzo o que eles dizem como faz qualquer artista
Que ganha o seu cachê, que é fruto do trabalho
De cigarra e de formiga, e eu não sei o quanto eu valho
Mas sei que quando eu ganho, divido e multiplico
E quanto mais eu vou dividindo, mais fico rico
Rico da riqueza verdadeira que é de graça
Como um só sorriso que ilumina toda a praça
Sorriso emocionado de um senhor experiente
Em pé há duas horas debaixo do sol quente
Ouvindo os meus poemas em total sintonia
Eu sou ele amanhã, e hoje é só poesia.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

SIM!

Eu senti o vento arrastar
O medo pra longe de mim
Eu senti o tempo se abrir
E o sol tocar a pele

E eu vi que eu podia mais do que sabia
É eu vi a vida se abrir pra mim
Quando eu disse sim

Eu disse sim pro mundo
Eu disse sim pros sonhos
E pra tudo que eu não previa
Sim pro inexplicável
Eu disse, sim, eu caso
Eu disse sim pra tudo que eu podia
E eu podia mais do que eu sabia

Eu vivi fugindo de arrependimentos
Sem me redimir
Me perdi, navegando em erros
Sem buscar o leme

Eu vi que eu podia mais do que eu sabia
Eu vi a vida se abrir pra mim
Quando eu disse sim








Pensamento do dia =)


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Canção Sombria

Ah...
Como falar?
Encontrei tristeza
Em improvável luar
Onde está a beleza?
Vejo espinhos no ar

Ah...
Como encarar o 'não'?
Frio ardente a dançar
E completa ilusão
Onde está o amar?
Vejo sombria canção

terça-feira, 4 de junho de 2013

O que faltou ser



Noite cai
Então o que chegou?
Noite vai
Então o que sobrou
Do olhar seguro e das promessas que eu ouvi
De amar, de ser um só, de nunca desistir?

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser
Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser

Noite cai,
Por que não traz pra mim?
Noite vai
Não leva o que eu vivi
Enquanto, mesmo longe, eu te sentia aqui
Enquanto a verdade soube conduzir

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser
Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser

Se tudo o que eu sou
Foi sempre seu
E agora?
Você levou tudo o que eu sabia de mim
E agora?

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser
Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser


(Sandy Leah Lima)

segunda-feira, 3 de junho de 2013



O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...


Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...


O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...


Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...


Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


(Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos")