É difícil aceitar os acontecimentos, a vida e o mundo. Parece que nada que você faz é suficiente e não dá para mudar esse mundo em movimento, por mais que o movimento não te agrade. Por mais que pareça possível, a vida acaba tornando isso impossível. Então, você perde o seu movimento e dá lugar ao movimento do mundo, porque você não encontra mais forças para se mover, e você conseguiu fazer isso por muito tempo, mas seu corpo e sua mente não te obedecem mais.
E a vida... a vida é algo que não dá para simplesmente segurar e fazer dela um fantoche. A vida muda, por mais que você queira que ela continue a mesma. Por mais que você queira que as pessoas continuem as mesmas, em seus mesmos lugares ou onde você as conheceu.
É triste dizer que o amor não tem o poder de mover tudo na vida. De fazer um movimento que esteja totalmente entregue aos braços e às mãos. Porque a distância existe, a mudança existe e o desespero, a carência, a saudade, a fragilidade, o erro e um milésimo de segundo também existem. Um milésimo de segundo pode mudar aquilo que você construiu durante anos, segurando cada peça com todo cuidado do mundo para não quebrar. E uma palavra é capaz de mudar isso. Ou uma frase que dói muito escutar. E tudo aquilo que você construiu com seus movimentos sutis se desmoronam em um segundo.
Então você entende o porquê. A razão é simples e apenas aparece, você traz para si muito facilmente. Mas o coração... e tudo o que envolve todos os sentimentos e todo o amor que você deu e recebeu, ele não é capaz de absorver a falta, a dor e simplesmente passar por isso como se ainda fosse uma noite qualquer, quando as peças ainda estavam no lugar. E onde parece ser o lugar delas, ao menos quando se olha de longe e se vê um sorriso.
Ontem eu acordei e as peças, já velhas e desgastadas, ainda conseguiam se encaixar. Hoje, a vida e o mundo que construí, e que achei que era possível movimentar com os meus sentimentos, perderam-se nas peças complexas, velhas, desgastadas, mas ainda vivas... de amor.