sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Traduzindo pensamentos em música #3

I've heard there was a secret chord
That David played and it pleased the Lord
But you don't really care for music, do ya?
Well it goes like this the fourth, the fifth
The minor fall and the major lift
The baffled king composing hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well your faith was strong but you needed proof
You saw her bathing on the roof
Her beauty and the moonlight overthrew you
She tied you to her kitchen chair
She broke your throne and she cut your hair
And from your lips she drew the hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah




Baby I've been here before
I've seen this room and I've walked this floor
You know, I used to live alone before I knew you
And I've seen your flag on the marble arch
And love is not a victory march
It's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well there was a time when you let me know
What's really going on below
But now you never show that to me, do ya?
But remember when I moved in you
And the holy dove was moving too
And every breath we drew was hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah

Well maybe there's a God above
But all I've ever learned from love
WAS HOW TO SHOOT SOMEBODY WHO OUTDREW YOU
And it's not a cry that you hear at night
It's not somebody who've seen the light
It's a cold and it's a broken hallelujah

Hallelujah, hallelujah, hallelujah, hallelujah...



(Jeff Buckley/ Composição: Leonard Cohen)

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Dias iguais



"And the loneliest stars of the night
That draw the sky around me
And the vanishing hours of the light
I only dream away for you

And like a nightingale
My broken heart would sing
For these bitter tears
And broken wings

Day after day
Of endless colors
These endless hours
I contemplate

Day after day
There's a frozen river
Where time stands still
I sit and wait..."

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

Pé na estrada

"Eu me pergunto se a vida por acaso se faz de reencontros. Talvez se faça muito mais de tangentes, de movimentos periféricos, de olhares fugidios que no instante seguinte já se dissiparam. Por que fincar os pés, então? Por que não somente viajar?" 

(Adriana Lisboa em "Rakushisha")




domingo, 29 de setembro de 2013

Traduzindo pensamentos em música #2



The space in between us
Starts to feel like we're worlds apart
Like I'm going crazy
And you say it's raining in your heart
You're telling me nobody's there
To dry up the flood
Oh but that's just crazy
'Cause baby I told ya I'm here for good

My love's like a star, yeah
You can't always see me
But you know that I'm always there
When you see one shining
Take it as mine
And remember I'm always near
If you see a comet
Baby I'm on it
Making my way back home
Just follow the glow yeah
It won't be long
Just know that you're not alone

I tried to build the walls
To keep you safe when I'm not around
But as soon as I'm away from you
You say they come tumbling down
But it's not about the time
That we don't get to spend together
It's about how strong our love is
When I'm gone and it feels like forever

My love's like a star, yeah
You can't always see me
But you know that I'm always there
When you see one shining
Take it as mine
And remember I'm always near
(If you see a comet) If you see a comet
Baby I'm on it
Making my way back home
Just follow the glow yeah
It won't be long
Just know that you're not alone

You say the time away makes your heart grow numb
But I can't stay just to prove you wrong
Oh, just look at how far we've come
Don't you know
Don't know that you're the one?

My love's like a star, yeah
You can't always see me
But you know that I'm always there
When you see one shining
Take it as mine
And remember I'm always near
If you see a comet
Baby I'm on it
Making my way back home
Just follow the glow, yeah
It won't be long
Just know that you're not alone


(Demi Lovato/ Composição: Toby Gadd e James Morrison)

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

bE bRaVe

"Coragem não é ausência de medo, e sim, o julgamento de que algo é mais importante do que o medo."


quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Traduzindo pensamentos em música #1

I’m walking fast through the traffic lights
Busy streets and busy lives
And all we know is touch and go
We are alone with our changing minds
We fall in love till it hurts or bleeds, or fades in time

And I never saw you coming
And I’ll never be the same

You come around and the armor falls
Pierce the room like a cannonball
Now all we know... is don’t let go
We are alone just you and me
Up in your room and our slates are clean
Just twin fire signs, four blue eyes

So you were never a saint
And I've loved in shades of wrong
We learn to live with the pain
Mosaic broken hearts
But this love is brave and wild

And I never saw you coming
And I’ll never be the same

This is a state of grace
This is a worthwhile fight
Love is a ruthless game
Unless you play it good and right
These are the hands of fate
You’re my Achilles heel
This is the golden age of something good
And right and real

And I never saw you coming
And I’ll never be the same

And I never saw you coming
And I’ll never be the same

This is a state of grace
This is a worthwhile fight
Love is a ruthless game
Unless you play it good and right


(Taylor Swift)




segunda-feira, 2 de setembro de 2013

segunda-feira, 29 de julho de 2013

terça-feira, 16 de julho de 2013

Ouvindo Christina Perri e...

- Me sentindo feliz
- Pensando na delicadeza das letras
- Cantando junto
- Me sentindo tranquila
- Fazendo caras e bocas
- Sentindo saudade



 



domingo, 14 de julho de 2013

Linhas Tortas (Gabriel O Pensador)


Alguns às vezes me tiram o sono, mas não me tiram o sonho
Por isso eu amo e declamo, por isso eu canto e componho
Não sou o dono do mundo, mas sou um filho do dono
Do verdadeiro Patrão, do verdadeiro Patrono

- E aí, Gabriel, desistiu do cachê?
- Cancelei um trabalho aí pra não me aborrecer.
- Explica melhor, o que foi que você fez?
- Tá, tudo bem, eu explico pra vocês:

Tudo começou na aula de português
Eu tinha uns cinco anos, ou talvez uns seis
Comecei a escrever, aprendi a ortografia
Depois as redações, para a nossa alegria
Professora dava tema-livre, eu demorava
Pra escolher um tema, mas depois eu viajava
E nessas viagens os personagens surgiam
Pensavam, sentiam, choravam, sorriam
Aí a minha tia-avó, veja só você
Me deu de aniversário uma máquina de escrever
Eu me senti um baita jornalista, tchê
Que nem a minha mãe, que trabalhava na TV
Depois, já aos quinze, mas com muita timidez
Fiquei muito sem graça com o que a professora fez
Ela pegou meu texto e leu pra turma inteira ouvir
Até fiquei feliz mas com vontade de fugir
Então eu descobri que já nasci com esse problema
Eu gosto de escrever, eu gosto de escrever, crer, ver
Ver, crer, eu gosto de escrever e escrevo até até poema

REFRÃO
Meu Pai, eu confesso, eu faço prosa e verso
Na feira eu vendo livro, no show eu vendo ingresso
Na loja eu vendo disco, já vendi mais de um milhão
Se isso for um crime, quero ir logo pra prisão

- Ih, pensador, isso é grave, hein!

É, vovó dizia que eu já escrevia bem
Tentei me controlar, me ocupar com um esporte
Surf, futebol, mas não era o meu forte
Um dia eu fiz uns raps e achei que tava bom
Me batizei de Pensador e quis fazer um som
Ficar famoso e rico nunca foi minha meta
Minha mãe já era isso, eu só queria ser poeta
Meu pai, um homem sério, um gaúcho de POA
Formado em medicina, não podia acreditar
Ao ver o seu garoto Gabriel
Com um fone nos ouvidos viajando com a caneta no papel
- O que você tá fazendo? Vai dormir, moleque!
- Ah, pai, peraí, eu só tô fazendo um rap!
Ninguém sabia bem o que era, mas eu tava viciado naquilo
E viciei uma galera!

REFRÃO

Não tô vendendo crack, não tô vendendo pó
Não tô vendendo fumo, não tô vendendo cola
Mas muitos me disseram que o que eu faço é viciante
E vicia os estudantes quando eu entro nas escolas
Até os professores às vezes se contaminam
Copiam minhas letras e textos e disseminam
Sementes do que eu faço, já não sei se é bom ou mau
Mas sei que muito aluno começa a fazer igual
Escrevendo poemas, escrevendo redações
Fazendo até uns raps e umas apresentações
Me lembro dos meus filhos e a saudade é cruel
Solidão me acompanha de hotel em hotel
Casamento acabou, eu perdi na estrada
O amor que ainda tenho é o amor da palavra
É falar e cantar, despertar consciências
Dediquei a vida a isso e a maior recompensa
É servir de referência pra quem pensa parecido
Pra quem tenta se expressar e nunca é ouvido
É olhar pra minha frente e enxergar um mar de gente
E mergulhar no fundo dos seus corações e mentes
É esse o meu mergulho, não é o do Tio Patinhas
É esse o meu orgulho, escrever as minhas linhas
Escrevo em linhas tortas, inspirado por alguém
Que me deu uma missão que eu tento cumprir bem
Escuto os corações, como um cardiologista
Traduzo o que eles dizem como faz qualquer artista
Que ganha o seu cachê, que é fruto do trabalho
De cigarra e de formiga, e eu não sei o quanto eu valho
Mas sei que quando eu ganho, divido e multiplico
E quanto mais eu vou dividindo, mais fico rico
Rico da riqueza verdadeira que é de graça
Como um só sorriso que ilumina toda a praça
Sorriso emocionado de um senhor experiente
Em pé há duas horas debaixo do sol quente
Ouvindo os meus poemas em total sintonia
Eu sou ele amanhã, e hoje é só poesia.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

SIM!

Eu senti o vento arrastar
O medo pra longe de mim
Eu senti o tempo se abrir
E o sol tocar a pele

E eu vi que eu podia mais do que sabia
É eu vi a vida se abrir pra mim
Quando eu disse sim

Eu disse sim pro mundo
Eu disse sim pros sonhos
E pra tudo que eu não previa
Sim pro inexplicável
Eu disse, sim, eu caso
Eu disse sim pra tudo que eu podia
E eu podia mais do que eu sabia

Eu vivi fugindo de arrependimentos
Sem me redimir
Me perdi, navegando em erros
Sem buscar o leme

Eu vi que eu podia mais do que eu sabia
Eu vi a vida se abrir pra mim
Quando eu disse sim








Pensamento do dia =)


quinta-feira, 13 de junho de 2013

Canção Sombria

Ah...
Como falar?
Encontrei tristeza
Em improvável luar
Onde está a beleza?
Vejo espinhos no ar

Ah...
Como encarar o 'não'?
Frio ardente a dançar
E completa ilusão
Onde está o amar?
Vejo sombria canção

terça-feira, 4 de junho de 2013

O que faltou ser



Noite cai
Então o que chegou?
Noite vai
Então o que sobrou
Do olhar seguro e das promessas que eu ouvi
De amar, de ser um só, de nunca desistir?

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser
Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser

Noite cai,
Por que não traz pra mim?
Noite vai
Não leva o que eu vivi
Enquanto, mesmo longe, eu te sentia aqui
Enquanto a verdade soube conduzir

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser
Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser

Se tudo o que eu sou
Foi sempre seu
E agora?
Você levou tudo o que eu sabia de mim
E agora?

Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser
Não me escondo do medo de não me reerguer
Do silêncio de uma vida sem você
De tudo o que faltou ser


(Sandy Leah Lima)

segunda-feira, 3 de junho de 2013



O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...


Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...


O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...


Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...


Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...


(Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos")


segunda-feira, 27 de maio de 2013

Sonho

Sonhei, confuso, e o sono foi disperso,
Mas, quando despertei da confusão,
Vi que esta vida aqui e este universo
Não são mais claros do que os sonhos são

Obscura luz paira onde estou converso
A esta realidade da ilusão
Se fecho os olhos, sou de novo imerso
Naquelas sombras que há na escuridão.

Escuro, escuro, tudo, em sonho ou vida,
É a mesma mistura de entre-seres
Ou na noite, ou ao dia transferida.

Nada é real, nada em seus vãos moveres
Pertence a uma forma definida,
Rastro visto de coisa só ouvida.

(Fernando Pessoa, 28-09-1933)





Aula de português (Carlos Drummond de Andrade)

A linguagem
na ponta da língua,
tão fácil de falar
e de entender.

A linguagem
na superfície estrelada de letras,
sabe lá o que ela quer dizer?

Professor Carlos Góis, ele é quem sabe,
e vai desmatando
o amazonas de minha ignorância.
Figuras de gramática, esquipáticas,
atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me.

Já esqueci a língua em que comia,
em que pedia para ir lá fora,
em que levava e dava pontapé,
a língua, breve língua entrecortada
do namoro com a prima.

O português são dois; o outro, mistério.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Trecho do livro "Água Viva", de Clarice

"E eis que depois de uma tarde de “quem sou eu” e de acordar à uma da madrugada ainda em desespero – eis que às três horas da madrugada acordei e me encontrei. Fui ao encontro de mim. Calma, alegre, plenitude sem fulminação. Simplesmente eu sou eu. E você é você. É vasto, vai durar".


(Clarice Lispector)


Dia do Abraço! :)



"Tudo que você pensa e sofre
dentro de um abraço se dissolve..."

(Martha Medeiros)

terça-feira, 21 de maio de 2013

Citação


"Tenho pensamentos que, se pudesse revelá-los e fazê-los viver, acrescentariam nova luminosidade às estrelas, nova beleza ao mundo e maior amor ao coração dos homens".

(Fernando Pessoa, em "O Eu Profundo")


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Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

(Fernando Pessoa)



Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas. Clarice Lispector


sexta-feira, 17 de maio de 2013

Saudação a Drummond (Henriqueta Lisboa)

Eu te saúdo Irmão Maior
pelo que tens sido e serás
dentro do tempo espaço afora
e além da vida: luminar
homem simples da terra
aprisionado no íntimo
para libertador de pássaros
e agenciador de símbolos.
Pela pedra no caminho
que foi ato de bravura
e foi cabo de tormentas.
Pelo brejo das almas
em verde com margaridas.
Pelo sentimento do mundo
com que orvalhas o linho
da comunhão geral.
Pelas fazendas do ar
em que brindas cultivos
de transcedentes dimensões.
Pelos claros enigmas
que decifras e que armas
em desdobrados ciclos.
Pela vida passada a limpo
em lâminas de cristal.
Pela rosa do povo
com que humanizas o asfalto.
Pela lição de coisas
que nos ensinas a aprender.
Pelo boitempo este sabor
de renascimento da infância.
Em nome de Mário de Andrade
— até as amendoeiras falam —
em nome de Manuel Bandeira
em nome de Emílio Moura
presentes embora silentes
no alto da Casa em outros
mais cômodos aposentos
de onde nos contemplam líricos
a nós abaixo no vestíbulo.
Saúdo-te mineiro Carlos
de olhos azuis como os da criança
guardada sempre mais a fundo
em candidez e malícia
ao largo de lavouras híspidas
ao longo de setenta outubros
vincados de diamante e ferro
sem nostalgia de crepúsculo.
Saúdo-te com sete rosas
em botão as mais puras
colhidas de madrugada
antes do sol em suas pétalas
por teu sétimo aniversário
outrora
de menino poeta.

domingo, 5 de maio de 2013



"(...)
Voa, coração
Que ele não deve demorar
E tanta coisa a mais quero lhe oferecer
O brilho da paixão, pede a uma estrela pra emprestar
E traga junto a fé num novo amanhecer
Convida as luas cheia, minguante e crescente
E de onde se planta a paz,
Da paz quero a raiz
E uma casinha lá onde mora o sol poente
Pra finalmente a gente simplesmente ser feliz"

(Ao que vai chegar - Toquinho)

quarta-feira, 1 de maio de 2013

Modelagem / Mulher (Henriqueta Lisboa)

Assim foi modelado o objeto:
para subserviência.
Tem olhos de ver e apenas
entrevê. Não vai longe
seu pensamento cortado
ao meio pela ferrugem
das tesouras. É um mito
sem asas, condicionado
às fainas da lareira.
Seria uma cântaro de barro afeito
a movimentos incipientes
sob tutela.
Ergue a cabeça por instantes
e logo esmorece por força
de séculos pendentes.
Ao remover entulhos
leva espinhos na carne.
Será talvez escasso um milênio
para que de justiça
tenha vida integral.
Pois o modelo deve ser
indefectível segundo
as leis da própria modelagem.

Trecho do poema "Passagem das horas" (Álvaro de Campos)

"Não sei se a vida é pouco ou demais para mim.
Não sei se sinto de mais ou de menos, não sei
Se me falta escrúpulo espiritual, ponto-de-apoio na inteligência,
Consangüinidade com o mistério das coisas, choque
Aos contatos, sangue sob golpes, estremeção aos ruídos,
Ou se há outra significação para isto mais cômoda e feliz".

A Última Crônica (Fernando Sabino)

"A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever. A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.

Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam para algo mais que matar a fome.

Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho - um bolo simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia triangular. A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os observa além de mim.

São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola, o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "Parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura - ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido - vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura como esse sorriso."

segunda-feira, 29 de abril de 2013

Simplifique


"Vive mais feliz quem tem olhos capazes de escutar o canto amoroso da simplicidade. É nas miudezas que tudo aquilo que realmente importa se revela com maior nitidez".


(Ana Jácomo)

quarta-feira, 27 de março de 2013

Revolução

Revelação...
Exposição
Intenção
Convicção
Conversação
Determinação
Ação!

Resolução

segunda-feira, 18 de março de 2013

Saudade




Oi,
Quem é você pra vir chegando assim?
Tomando espaço sem me perguntar
Já te conheço de algum lugar
Tua voz ecoa como um som sem fim

Daquela viagem, começo agora a me lembrar
Enquanto eu via o que eu tinha que deixar
Você tocou o meu ombro e se apresentou

É,
Você chegou da outra vez assim
Incomodando até eu me lembrar
Que aquela flor que sabe me alegrar
Não pode estar agora em meu jardim

Ah, saudade, você sempre chega
Quando eu já te esqueci
Ah, saudade, em breve eu retornarei
E você vai sumir

Ah, saudade!
Sim, eu te reconheci
Sim, eu te reconheci


(Sandy Leah Lima/ Composição: Denis Nassar)

sexta-feira, 8 de março de 2013

Mulher

Um aroma suave
exalou das mãos do Criador,
quando seus olhos contemplaram
a solidão do homem no Jardim!
Foi assim:
o Senhor desenhou
o ser gracioso, meigo e forte,
que Sua imaginação perfeita produziu.
Um novo milagre:
fez-se carne,
fez-se bela,
fez-se amor,
fez-se na verdade como Ele quer!
O homem colheu a flor,
beijou-a, com ternura,
chamando-a, simplesmente,
Mulher!

(Ivone Boechat)


Feliz dia Internacional da Mulher! :)